Mikhail Bakunin
Nasceu no dia 30 de maio de 1814 (18 de maio no calendário juliano) na cidade de Premukhimo, província de Tver; faleceu em 1 de julho de 1876 (19 de junho no calendário juliano) em Berna, na Suíça.
Bakunin era filho de um proprietário de terras e desde 1837 começou a estudar a filosofia hegeliana. Em 1840 inicia o curso de filosofia na Universidade de Berlim, onde logo começou sua atividade política, criticando a filosofia especulativa preferindo a teoria da ação política. De 1843 a 1848 viajou pela Europa, onde acabou conhecendo Karl Marx e Proudhon (em Paris tal fato aconteceu). Participou do Congresso Eslavo no que tinha em mente o pan-eslavismo (Praga, 1848) e no mesmo ano participou da Revolução Proletária em Paris.
Em 1849 foi preso e condenado a morte por uma insurreição em Dresden, mas a pena foi anulada e foi entregue ao governo russo, ficando preso em São Petersburgo e depois exilado no Sibéria (1857). Acabou fugindo para o Japão e depois se fixou na Suíça.
Por volta de 1863 tentou montar uma campanha em prol do anarquismo para irem a Polônia, mas não obteve nada.
Em 1868 fundou a Aliança Internacional da Democracia Social, que queria fazer a união com a Associação Internacional de Trabalhadores, no qual disputou a liderança dessa última com Karl Marx, mas em 1872 acabaram se desentendendo no Congresso de Haia.
A expulsão de Bakunin da Associação Internacional de Trabalhadores, se deu por divergências políticas com Marx.
Bakunin defendia que as energias revolucionárias deveriam ser concentradas na destruição das "coisas", no caso, o Estado, e não das "pessoas".
Na obra de 1872, Bakunin faz oposição a Comte, pois identifica a fonte de todo problema na centralização da autoridade e do Estado, pois acabam por criar um obstáculo ao desenvolvimento das pessoas e das Nações. A paz e a realidade devem estar diante das coisas para realização do homem, pois querem uma descentralização das coisas que levaria o desenvolvimento dos homens.
Com a participação de Bakunin, a partir de 1870, acabou influenciando o proletário e atraindo mais pessoas, e nesse mesmo período começou a criticar o comunismo de Estado, com propostas antiautoritárias de socialismo. Com o fracasso da Comuna de Paris, as duas tendências começaram uma briga que a cada ano se agravava, de um lado os comunistas de Estado ou socialistas autoritários, como eram chamados pelos socialistas libertários, na época, até que, em 1876, a Associação Internacional dos Trabalhadores encerrou suas atividades.
Depois desse rompimento Bakunin planejava a construção de uma associação para unir os anarquistas de todos os países. Acabou criando grupos anarquistas em vários países do mundo, repassando a tradição anti-autoritária, mutualista e o caráter descentralizador do anarquismo para outros anarquistas, que viriam a se tornar célebres dentro do movimento, Piotr Kropotkin, anarquista russo, Errico Malatesta, anarquista italiano, Elisée Reclus, etc.
Após sua morte, diversos acontecimentos políticos com influência anarquistas puderam ser notados, como a insurreição anarquista de 1918 no Rio de Janeiro, cujo movimento sindical era de sua totalidade composto pela maioria de anarquistas e culminando com a guerra civil espanhola em 1936, que seria a derradeira e última revolução de massas da ideologia anarquista.
Porém a obra e vida de Bakunin, influenciara diversos movimentos alternativos após os anos 60, como os grupos ambientalistas, que utilizam a tática de ação direta, descrita em toda sua obra. Movimentos cooperativistas, de ocupação e reforma urbana, grupos e locais de trabalho autogestionados, também carregam em si, o germe da ideologia anarquista e o pensamento célebre de Bakunin.
Obras:
· Die Reaktion in Deutschland (A Reação na Alemanha) – 1842;
· Federalismo, Socialismo e Antiteologia – 1872;
· Staat und Anarchie (Estado e Anarquia) – 1873;
Faça você mesmo (em inglês do it yourself, sigla DIY) refere-se à prática de fabricar ou reparar algo por conta própria em vez de comprar ou pagar por um trabalho profissional. A prática, atualmente, engloba qualquer área de atividade, dos cuidados médicos ao design de interiores, da publicação à eletrônica.
A partir do final da década de 1970 o princípio faça você mesmo se tornou profundamente associado ao anarquismo e vários outros movimentos anticonsumistas, principalmente nos casos de grande e evidente rejeição à idéia de que um indivíduo deve sempre comprar de outras pessoas as coisas que deseja ou necessita.
O faça você mesmo, concebido como princípio ou ética, questiona o suposto monopólio das técnicas por especialistase estimula a capacidade de pessoas não-especializadas aprenderem a realizar coisas além do que tradicionalmente julgam capazes.
O federalismo libertário é um método organizacional que consiste na divisão da sociedade anarquista em grupos ou divisões operacionais - criadas quando há necessidade - para o exercer pleno da solidariedade e do mutualismo. Ele é derivado, no plano das idéias, do fedaralismo estatal, porém completamente ausente de relações verticais como o último, sendo regido de forma puramente coletiva e permeada pelo conceito-base da Democracia Direta. Nas palavras de George Woodcock, "é uma ordem natural que se expressa pela autodisciplina e pela cooperação voluntária"[1]
Sendo o braço primário do princípio da “Ação Direta”, o federalismo libertário é o meio de organização proposto pela maior parte das vertentes anárquicas, desenvolvido, no âmbito libertário, pela primeira pessoa a se intitular “anarquista”: Pierre-Joseph Proudhon (1809 - 1865). Esse conceito consiste na subdivisão organizacional temporária ou permanente da sociedade libertária (que se organizaria de baixo para cima) – em grupos de associações, comunas, oucooperativas que se juntariam em federações, e daí em confederações, e qualquer outra forma de conjugação da força operacional humana – para a maior eficiência das interações humanas, sociais. Por intermédio do federalismo, de cunho libertário, seria possível uma intervenção rápida e direta do homem frente às problemáticas emergentes na sociedade anarquista.
Evidencia-se que o conceito de federalismo, no campo libertário, transcende o conceito atual de Federalismo que conhecemos, deixando de representar apenas as associações de grande escala para adentrar no âmbito pessoal, abrangendo, inclusive, as relações interpessoais. Desta forma, o Federalismo Libertário se firma enquanto a máxima coesãoentre o homem e a satisfação proficiente de suas necessidades.
O federalismo libertário se difere do federalismo estatal - como o que vigora no Brasil - por não ser concebido em meio a nenhuma relação de submissão e por ser regido, em sua completude, pelas necessidades humanas. Seriam sempre as problemáticas que definiriam e prescreveriam a organização, e não os interesses, sejam eles coletivos ou pessoais.
Com efeito, vários anarquistas já propuseram modelos mais elaborados de organização, de Plataformas Organizacionais, mas, como é a conjuntura e a naturalidade que devem definir a organização numa Sociedade Anarquista, elas são consideradas inferências, projetos divergentes, porém, todos unificados pelo conceito uno do Federalismo Libertário. Em outras palavras, o Federalismo Libertário é tido enquanto o germe de qualquer organização anarquista.
Como seria a organização Federalista Libertária
Em cada bairro ou fábrica se formariam associações que seriam regidas por assembleias de seus membros. Essas assembleias utilizariam o voto democrático direto, sendo que as minorias poderiam apelar sempre e tentar rever seus casos. Haveria um comitê comunal dessas associações em que teriam a função de administrar as decisões das assembleias.
As associações se uniriam através de delegações livremente em confederações, que se formariam de baixo para cima. Assim as decisões fluiriam de baixo (das associações) para cima. Da mesma forma que as associações teriam assembleias, as confederações teriam suas conferências com os delegados e regularmente haveriam conferências locais, regionais nacionais e internacionais onde os assuntos que foram colocados em pauta seriam discutidos. Cada confederação de nível acima computaria os votos da confederação (ou associação) de nível abaixo através dos delegados que diriam qual foi o resultado da conferência (ou assembléia)da confederação (ou associação) que representam.
Este é o tipo de organização que os anarquistas encontraram para substituir o governo e o capitalismo.
Vantagens alegadas pelos anarquistas e críticas
As vantagens alegadas pelos anarquistas é que todos poderiam participar das decisões de forma ativa não ficando mais passivos como atualmente e fortaleceria o pensamento crítico. Também segundo os anarquistas poderia desatar um grande potencial criativo que existe dentre a humanidade.
Os críticos alegam que esse tipo de organização resultaria em caos e confusão. Os anarquistas rebatem a acusação afirmando que funcionou bem na Revolução Espanhola
O Mutualismo é uma teoria econômica e social que propõe que "volumes iguais de trabalho devem receber pagamento igual". Foi Pierre-Joseph Proudhon quem criou o termo mutualismo para descrever a sua teoria econômica, na qual o valor se baseia no trabalho. O mutualismo pode ser considerado "o primeiro anarquismo", já que Proudhon foi o primeiro autor a se auto-intitular anarquista.
Esta teoria adotada por seguidores de Proudhon que formavam fileiras na AIT, pregava uma associação de trabalhadoreslivres de posse de seus próprios recursos para a produção, desta forma, se opondo a tendências coletivistas e/oucomunistas de organização, contra a socialização dos meios de produção ou ainda sua concentração nas mãos de um Estado, ainda que fosse contrário à propriedade da grande burguesiae defendesse que esta instituição humana fosse comparável àescravidão e, portanto, condenável tal qual um crime. Vê na propriedade a origem do governo e das instituições humanas.
Uma organização comunista, por outro lado, imporia, ao ver de Proudhon, restrições ao livre e pleno exercício das faculdades e potencialidades do indivíduo que estaria submetido à vontade da comunidade e, portanto, à sua opressão.
Esta oposição entre propriedade e comunidade, só poderia ser superada encontrando através da análise os elementos de cada um que constituiríam a verdade e a natureza da sociabilidade humana. A simples união destes dois elementos não pode ser senão impositiva ao ver de Proudhon. Tal síntese, segundo pretende o autor, constituir-se-á na liberdade.